
Prof. Thiago Bernardino de Carvalho
O mercado de leite deve entrar em nos últimos quatro meses do ano com cotações mais pressionadas, como é de tradição do setor brasileiro de lácteos. Por outro lado, devido a muitos fatores ao longo de 2018, quando houve registro de sete meses em alta e com valorização acumulada de mais de 50% em termos reais na “Média Brasil” líquida, a situação do pecuarista registrou margens positivas.
Muitos podem dizer que o cenário poderia ser melhor se os preços dos insumos estivessem mais baixos, mas este cenário não foi empecilho para a melhora dos números dentro da porteira.
No correr deste ano, ainda que os custos de produção estejam em alta, os aumentos na receita (preço do leite) ocorrem em intensidade muito maior. No acumulado de 2018 (até agosto), o COE (Custo Operacional Efetivo, que considera os gastos correntes da propriedade) da pecuária leiteira na “média Brasil” (estados da BA, GO, MG, PR, RS, SC e SP) registra alta de 6,53%, praticamente a mesma variação observada no IGP-DI, de 6,63%, de acordo com o Cepea. Já o preço do leite pago ao produtor subiu expressivos 54,4% no mesmo período. Em agosto, especificamente, os custos de produção da pecuária leiteira recuaram, após 10 meses de altas consecutivas. Por outro lado, o preço médio do leite seguiu em alta, atingindo, inclusive, o maior patamar nominal desde setembro/16.
As margens mais favoráveis ao longo de 2018 para o produtor de leite, indica que este pode ser um bom momento para que muitos reestabeleçam a saúde financeira de suas propriedades. Vale lembrar que, em 2017, alguns pecuaristas acumularam dívidas de custeio da atividade, devido à forte queda nos preços do leite no campo.
Sobre os custos, a queda de julho para agosto esteve atrelada à desvalorização de alguns insumos, como concentrado e medicamentos. Na “média Brasil”, a queda foi 0,20% para o COE e de 0,18% para o COT (Custo Operacional Total, que, além do COE, considera o pró-labore e depreciações). A ligeira retração nos valores do milho em julho em algumas regiões, reflexo da colheita da segunda safra, teve efeito sobre os valores dos concentrados nas casas agropecuárias em agosto.
Na “média Brasil”, o grupo dos concentrados se desvalorizou 0,3%. Essa queda nacional, por sua vez, foi influenciada principalmente pelo recuo nos preços do insumo em Minas Gerais e em São Paulo, onde as desvalorizações foram de 0,70% e de 0,35%, respectivamente. Os preços de alguns medicamentos também registraram queda em agosto, como vitaminas, hormônios e antitóxicos que, juntos, se desvalorizaram 0,64%.
Feito esse cenário de melhora dos números até o mês de agosto e somada a necessidade de reestabelecimento da saúde financeira da atividade, o produtor de leite deve olhar para o horizonte e montar estratégias de produção. Por estar capitalizado, deve fugir do efeito manada do mercado e focar no ajuste da produtividade de sua fazenda, investindo em genética, nutrição, pastagem e um bom manejo sanitário, que tendem a garantir melhores índices produtivos e redução e custos fixos.
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