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Prof Thiago Bernardino de Carvalho

 

 

O setor lácteo não poderia registrar melhor cenário do que vem sendo observado ao longo das primeiras semanas deste ano. Depois de registrar margens positivas ao longo de 2018, melhorando as contas da atividade, muito devido aos preços praticados, produtores vem trabalhando com oferta limitada do produto, o que vem sustentando e valorizando as cotações do leite dentro da porteira.

De acordo com pesquisas realizadas pelo Cepea, a expectativa para fevereiro/março é de que os preços aumentem ainda mais, uma vez que, durante janeiro, as empresas acirraram a disputa por fornecedores e elevaram os patamares de negociação. Além disso, os mercados do leite spot (negociação entre indústrias) e do UHT (longa-vida), importantes direcionadores do preço no campo, também vem reagindo.

Esse fato ocorreu no primeiro mês de 2019, depois de cinco meses de quedas consecutivas nas cotações. A valorização do UHT esteve atrelada à alta no preço ao produtor observada na primeira quinzena de janeiro. Nesse período, o impulso veio da maior competição entre indústrias em captar o leite no campo. As negociações envolvendo o derivado, porém, foram fracas, já que a demanda nesta época do ano é baixa, dentre outros motivos, devido às férias escolares

Se por um lado, os preços vêm conseguindo se manter em patamares firmes, o produtor deve ficar de olho nos custos dentro da porteira. De acordo com pesquisas do Cepea/CNA, o custo operacional efetivo da atividade leiteira, o COE, que considera os desembolsos correntes das propriedades, teve alta acumulada de 7,55% em 2018 na “média Brasil” (que considera os estados BA, GO, MG, PR, RS, SC e SP), ou seja, ficou acima da inflação (IGP-DI), que no ano passado, o acumulou variação positiva de 7,1%. Já o custo operacional total, o COT, referente aos desembolsos anuais acrescidos dos gastos médios com a depreciação do inventário da propriedade e o pró-labore, subiu 6,7%.

Essa maior alta dos custos, ocorreu principalmente ao longo do último trimestre do ano, o que fez com que produtores se sentissem desestimulados a manter investimentos na produção, resultado nas cotações mais firmes no começo de 2019. E como reduzir esse custo? Aumentando a produtividade e aproveitando as margens positivas acumuladas de 2018.

Olhando no acumulado do ano passado, o preço do leite teve alta de 23,37% na média Brasil, o que contribuiu para margens positivas para a atividade. Em anos positivos na atividade leiteira, assim como em qualquer outra atividade econômica, podem ser momentos de oportunidades para o aumento no investimento em produtividade e eficiência dos sistemas. Os dados do projeto Campo Futuro Cepea/CNA comprovam a maior competitividade da produção leiteira em relação a outras atividades agropecuárias nas regiões com sistemas produtivos mais eficientes. E esse fato deveria motivar produtores a manter a produção, sem loucuras, mas sabendo se aproveitar de momentos de altas de preços e melhora de seus indicadores. Com isso, quando temos cenários de margens positivas para o setor do leite é um bom momento para o produtor investir em sua atividade buscando mais produtividade de leite por área.